5. O não utilizador de serviços de comunicações eletrónicas


Nesta secção quantifica-se o número de não utilizadores de serviços voz e de Internet e a eventual adesão futura destes aos serviços em causa. De seguida, identificam-se as principais barreiras à adesão aos serviços e procura descrever-se as características dos não utilizadores.

Sempre que possível distingue-se entre o segmento residencial e o segmento empresarial.



5.1 A proporção de não utilizadores de serviços de comunicações eletrónicas e a intenção de adesão futura

O INE estima que, em 2014, 2,5 por cento dos agregados familiares não subscreviam o STF ou o STM.

Gráfico 64 – Percentagem de agregados familiares que não dispõem de STF ou STM

O INE estima que, em 2014, 2,5 por cento dos agregados familiares não subscreviam o STF ou o STM.

Unidade: %
Fonte: INE, ICOR - Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014.
Base: Total de lares.
Nota: A questão em causa é: “Diga, por favor, se estão disponíveis para o agregado ou para algum indivíduo do agregado os seguintes equipamentos/ serviços: Telefone (fixo ou telemóvel)?”

De acordo com a CE, em janeiro de 2014 cerca de 6 por cento dos agregados familiares portugueses não dispunha de qualquer tipo de acesso ao STF (4 pontos percentuais acima da média UE28 e mais 2 pontos percentuais do que no final de 2011). Portugal, a Roménia e a Eslováquia eram os países da UE28 com a maior percentagem de agregados sem serviço telefónico.

Gráfico 65 – Taxa de não utilização do serviço telefónico, UE28

De acordo com a CE, em janeiro de 2014 cerca de 6 por cento dos agregados familiares portugueses não dispunha de qualquer tipo de acesso ao STF (4 pontos percentuais acima da média UE28 e mais 2 pontos percentuais do que no final de 2011).

Unidade: %
Fonte: E-Communications Household Survey, Special Eurobarometer 335 e 381/Wave EB72.5 e EB76.4 – TNS Opinion & Social; Trabalho de campo: novembro/dezembro 2009 e dezembro 2011; Publicação CE: outubro 2010 e junho 2012; E-Communications and Telecom Single Market Household Survey, Special Eurobarometer 414/Wave EB81.1 – TNS Opinion & Social; Trabalho de campo: janeiro 2014; Publicação CE: março de 2014
Base: Total de lares.
Nota: * Informação igual para todos os períodos em análise.

Por outro lado, a percentagem de indivíduos que nunca utilizaram Internet tem vindo a diminuir, atingindo 28 por cento em 2015 (+12 pontos percentuais do que média da UE28)4.

Gráfico 66 – Percentagem de indivíduos que nunca utilizaram a Internet

Por outro lado, a percentagem de indivíduos que nunca utilizaram Internet tem vindo a diminuir, atingindo 28 por cento em 2015 (+12 pontos percentuais do que média da UE28)4.

Unidade: %
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2007 a 2015); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano,.
Base: Indivíduos entre os 16 e os 74 anos.

A maioria dos potenciais clientes residenciais dos serviços de comunicações eletrónicas não tenciona vir a aderir a estes serviços nos próximos tempos.

Entre os potenciais clientes do STM, 12,6 por cento manifestaram interesse em aderir a este serviço.

Cerca de 5,7 por cento dos potenciais clientes do SAI manifestaram intenção de aderir ao serviço (no final de 2014 eram 3,3 por cento).

Gráfico 67 – Intenção de adesão aos serviços de comunicações eletrónicas no mercado residencial

Cerca de 5,7 por cento dos potenciais clientes do SAI manifestaram intenção de aderir ao serviço (no final de 2014 eram 3,3 por cento).

Unidade: %
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 4T2011 a 4T2015.
Base: Lares sem o respetivo serviço; STM: Indivíduos com 10 ou mais anos sem telemóvel.
Nota: Significado da sinalética das estimativas: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável. A seta com orientação ascendente refere-se a um aumento estatisticamente significativo face ao período homólogo  e a seta com orientação descendente traduz uma diminuição estatisticamente significativa. Para maior detalhe, ver apêndice no final do capítulo.

Também no mercado empresarial a maioria dos potenciais clientes dos serviços de comunicações eletrónicas não tenciona vir a aderir a estes serviços nos próximos tempos.

Cerca de 88 por cento das empresas inquiridas sem rede móvel (STM ou SAIM) nunca tiveram acesso a este tipo de rede e cerca de 85 por cento não manifestou qualquer interesse em vir a tornar-se cliente.

No caso da rede fixa (STF ou SAIF), cerca de 85 por cento das empresas inquiridas sem rede fixa nunca tiveram acesso a este tipo de rede e cerca de 91 por cento não manifestou interesse em vir a tornar-se cliente.

Gráfico 68 – Intenção de adesão aos serviços de comunicações eletrónicas no mercado empresarial

No caso da rede fixa (STF ou SAIF), cerca de 85 por cento das empresas inquiridas sem rede fixa nunca tiveram acesso a este tipo de rede e cerca de 91 por cento não manifestou interesse em vir a tornar-se cliente.

Unidade: %
Fonte: ANACOM, Inquérito ao Consumo das Comunicações Eletrónicas, PME, dezembro 2014.
Base: Empresas com menos de 250 pessoas ao serviço sem os respetivos serviços.
Nota 1: Significado da sinalética das estimativas: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Nota 2: STF - Serviço telefónico fixo; STM - Serviço telefónico móvel; SAIF – Serviço de acesso à Internet fixa; SAIM – Serviço de acesso à Internet móvel; STVS – TV por subscrição.

5.2 Barreiras à adesão aos serviços

Os principais motivos apresentados para não aderir aos serviços de comunicações eletrónicas no mercado residencial são a falta de utilidade, os custos associados e a utilização de redes ou serviços alternativos.

Tabela 18 – Barreiras à utilização dos serviços (TOP3)

 

%

SAI fixa

Base: Lares com o serviço de comunicações eletrónicas de voz que possuem apenas outro tipo de Internet que não fixa

Não tem necessidade

18,2*

Prefere móvel / precisa ter mobilidade

13,1*

Mais caro / custos

11,9*

STVS

Base: Total de lares com serviço de comunicações eletrónicas de voz sem o serviço de TV por subscrição

É muito cara / dificuldades económicas

28,4↓

Não é necessário / não é essencial

24,4 ­

Não quer / não gosta / não tem interesse

13,0

Unidade: %
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 4T2015 (SAI fixa, STVS) e 3T2015 (STM).
Nota 1: Significado da sinalética das estimativas: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Nota 2: Não se apresentam as barreiras à utilização do STM dado que tem uma dimensão amostral baixa referindo-se, por sua vez, a estimativas não fiáveis. A partir de 2015 o BTC deixou de recolher as barreiras à utilização do serviço de acesso à Internet.

De acordo com o Inquérito ao Consumo das Comunicações Eletrónicas - PME, de dezembro de 2014, as empresas não indicam barreiras de natureza institucional, tecnológica, estrutural ou comportamental à adesão aos serviços.

De facto, no mercado empresarial os principais motivos indicados pelas empresas para não aderirem aos serviços são a utilização de redes ou serviços alternativos e a falta de utilidade/interesse dos serviços.

De entre as empresas inquiridas sem rede móvel (STM ou SAIM), cerca de 37 por cento referem «não precisar / não ter necessidade de comunicar por esta via», cerca de 23 por cento indicam que «utilizam o telemóvel pessoal para fazer chamadas» e 17 por cento recorrem alternativamente ao STF.

De entre as empresas que não têm contratado a rede fixa, cerca de 44 por cento indica que a principal razão para não o fazer é «não precisar ou não ter necessidade de comunicar por esta via». A «utilização de telemóvel» é o segundo motivo para as empresas não utilizarem os serviços de rede fixa (40 por cento).

Tabela 19 – Principais barreiras à utilização dos serviços no mercado empresarial

 

%

Rede móvel

Base: Empresas com menos de 250 pessoas ao serviço e sem o STM ou Internet móvel

Não precisam ou não têm necessidade de comunicar por esta via

37,3

Utilizam o telemóvel pessoal para fazer chamadas

23,0*

Utilizam o serviço telefónico fixo para fazer chamadas

16,6*

Rede fixa

Base: Empresas com menos de 250 pessoas ao serviço e sem o STF ou Internet fixa

Não precisa ou não tem necessidade de comunicar por esta via

43,5

Utilizam telemóvel para fazer chamadas

40,4

Unidade: %
Fonte: ANACOM, Inquérito ao Consumo das Comunicações Eletrónicas, PME, dezembro 2014.
Nota: Significado da sinalética das estimativas: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.

5.3 Características do não utilizador de comunicações eletrónicas

A probabilidade dos lares constituídos por um indivíduo não disporem do serviço telefónico (fixo ou móvel) é o dobro da média nacional: cerca de 12 por cento dos indivíduos que vivem sozinhos não dispunham do serviço telefónico (face a 3 por cento na média da UE28).

Gráfico 69 – Lares sem serviço telefónico pela dimensão do agregado familiar

A probabilidade dos lares constituídos por um indivíduo não disporem do serviço telefónico (fixo ou móvel) é o dobro da média nacional: cerca de 12 por cento dos indivíduos que vivem sozinhos não dispunham do serviço telefónico (face a 3 por cento na média da UE28).

Unidade: %
Fonte: E-Communications and Telecom Single Market Household Survey, Special Eurobarometer 414/Wave EB81.1 – TNS Opinion & Social; Trabalho de campo: janeiro 2014; Publicação CE: março de 2014
Base: Total de lares.

Regista-se ainda uma maior tendência para os indivíduos de idades mais avançadas nunca terem utilizado o SAI. Esta situação é também mais evidente no caso de Portugal: mais de metade dos indivíduos com 55-64 anos nunca utilizaram a Internet (face a 28 por cento na média da UE28)4.

Gráfico 70 – Percentagem de indivíduos que nunca utilizaram a Internet por escalão etário

Regista-se ainda uma maior tendência para os indivíduos de idades mais avançadas nunca terem utilizado o SAI.

Unidade: %
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2015); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos de acordo com o respetivo escalão etário.

Por outro lado, a proporção dos residentes em Portugal com menor nível de escolaridade ou em situação de reforma que nunca utilizaram o SAI é elevada (46 por cento e 63 por cento, respetivamente) e superior aos valores registados na UE28.

Gráfico 71 – Percentagem de indivíduos que nunca utilizaram a Internet por nível de escolaridade e condição perante o trabalho

Por outro lado, a proporção dos residentes em Portugal com menor nível de escolaridade ou em situação de reforma que nunca utilizaram o SAI é elevada (46 por cento e 63 por cento, respetivamente) e superior aos valores registados na UE28.

Unidade: %
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2015); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos de acordo com o respetivo nível de escolaridade ou condição perante o trbalho

Da mesma forma, os agregados com rendimentos mais baixos registam uma maior propensão para a não utilização do SAI. Mais de metade dos indivíduos com rendimentos mais baixos (1º quartil) nunca utilizaram a Internet. É igualmente neste grupo que a diferença face à média da EU28 é mais acentuada (+21 pontos percentuais).

Gráfico 72 – Percentagem de indivíduos que nunca utilizaram a Internet por quartis de rendimento

Da mesma forma, os agregados com rendimentos mais baixos registam uma maior propensão para a não utilização do SAI.

Unidade: %
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2015); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos de acordo com o respetivo quartil de rendimento.