2. Síntese


  • Identificaram-se três perfis residenciais de utilização dos serviços de comunicações eletrónicas, através de análise de clusters:
    • o primeiro grupo é constituído sobretudo por utilizadores dos cinco serviços em análise (STF+STM+BLF+BLM+STVS1), representando 40 por cento dos indivíduos analisados. Estes utilizadores caraterizam-se por pertencer a famílias mais numerosas (4 ou mais indivíduos), de classe social13 média a alta e da zona da Grande Lisboa14. São essencialmente indivíduos entre os 25 e os 44 anos, com níveis de escolaridade secundária ou superior) e que estão na situação de trabalhadores (quadros superiores/médios, técnicos especializados, pequenos proprietários e empregados dos serviços/comércio/administrativos) ou são estudantes;
    • no segundo grupo, encontram-se sobretudo utilizadores de quatro serviços (STF+STM+BLF+STVS), utilizadores exclusivos de serviços móveis (STM+BLM) e também utilizadores de outras conjugações de serviços menos habituais que incluem o serviço de acesso à Internet. Este grupo, que representa 35 por cento dos indivíduos analisados, carateriza-se por integrar famílias de maior dimensão (3 ou mais indivíduos), de classe social13 média baixa ou baixa apresentando maior propensão para residir no Litoral Norte14 do país. São indivíduos com idades entre os 15 e os 24 anos ou entre os 45 e os 54 anos, com níveis de escolaridade intermédios (2º e 3º ciclos do ensino básico), e que estão na situação de estudantes, de trabalhadores (qualificados e não qualificados) ou de desemprego;
    • o terceiro grupo identificado utiliza um número mais reduzido de serviços de comunicações eletrónicas, privilegiando o serviço telefónico e excluindo o acesso à Internet (STM; STF; STF+STM+STVS; STF+STM). Este grupo representa 25 por cento dos indivíduos analisados. Os integrantes deste grupo pertencem a agregados familiares de menor dimensão (um ou dois indivíduos), pertencem às classes sociais13 mais baixas e residem em lares com a presença de idosos localizados no Interior Norte14. Estes utilizadores são sobretudo reformados, apresentam idades iguais ou superiores a 65 anos e dispõem de um nível de escolaridade mais baixo (até ao 1º ciclo do ensino básico);
    • Pela primeira vez, a conjugação de cinco serviços STF+STM+BLF+BLM+STVS, não necessariamente adquiridos em pacote, passou a ser a mais frequente. No final de 2015 era utilizada por 1/3 dos indivíduos com 15 ou mais anos (+9,1 pontos percentuais que no ano anterior). Durante 2015 este tipo de consumo teve um crescimento significativo na generalidade dos grupos sociodemográficos;
    • Registaram-se crescimentos significativos em 2015 no que respeita às seguintes ofertas e serviços: serviços em pacote (73 por cento dos lares, +3,5 pontos percentuais do que no ano anterior), banda larga fixa suportada em fibra ótica (40 por cento dos lares com BLF, +5,5 pontos percentuais), Internet no telemóvel (38 por cento dos indivíduos com 15 ou mais anos, +10 pontos percentuais), a utilização de smartphones (67 por cento dos utilizadores de telemóvel, +14,3 pontos percentuais), serviços over-the-top (OTT), como instant messaging e chamadas de voz sobre Internet (71 e 49 por cento dos utilizadores de Internet, respetivamente, +5 pontos percentuais no 2º semestre de 2015 em ambos os casos);
    • Os utilizadores residenciais dos serviços de comunicações eletrónicas revelaram-se satisfeitos com os serviços prestados (classificações entre 7,6 e 8,5 numa escala de 1 a 10). No final de 2015, os utilizadores do STF e TVS foram os que registaram o maior nível de satisfação global com o prestador (8,5 e 8,4 pontos, respetivamente), ultrapassando os clientes do STM que habitualmente eram os mais satisfeitos (8,3 pontos). Os clientes de serviços em pacote apresentaram um dos menores níveis de satisfação média (7,7) e revelaram a maior propensão para mudar de operador (6,6 por cento);
    • Os indivíduos mais propensos a estar “insatisfeitos”35 com os serviços de comunicações eletrónicas tendem a ter as seguintes características: quadros superiores ou médios, nível de escolaridade superior e idade intermédia. Pertencem também a famílias numerosas e são de classe social mais elevada;
    • De acordo com os dados do Inquérito ao Consumo das Comunicações Eletrónicas de 2014 dirigido às PME (micro, pequenas e médias empresas), da ANACOM, cerca de nove em cada 10 empresas utilizavam o STF, o STM e o SAI;
       
      A combinação de serviços STM+STF+BLM+BLF era a mais utilizada em todos os sectores analisados;
       
      Os serviços OTT, nomeadamente o serviço de mensagens pela Internet (37,3 por cento das PME inquiridas) e o serviço de voz sobre a Internet (27,2 por cento), são também utilizados no segmento empresarial, embora com uma penetração mais reduzida do que no segmento residencial;
       
      Nesse mesmo período, a satisfação média das PME com os serviços de comunicações eletrónicas encontrava-se entre 7,3 e 7,9, numa escala de 1 a 10;
       
      Entre as PME, em 2014, o STF foi o serviço que apresentou a maior taxa de mudança de prestador (9,4 por cento). A mudança de prestador atingiu os níveis mais elevados até agora registados no caso do STM, SAIF e SAIM2;
    • A penetração do SAIF nas empresas portuguesas (com 10 ou mais pessoas ao serviço) era 1 ponto percentual superior à média dos países da UE28 (pela primeira vez nos últimos 5 anos), enquanto a penetração da BLM era 3 pontos percentuais superior à média. A aquisição de serviços de cloud computing nas grandes empresas em Portugal atingiu os 31 por cento em 2014 (-4 pontos percentuais do que a média da UE28);
    • De acordo com a CE, em janeiro de 2014 cerca de 6 por cento dos agregados familiares portugueses não dispunha de qualquer tipo de acesso ao serviço telefónico (quatro pontos percentuais acima da média UE28 e mais dois pontos percentuais do que no final de 2011). Portugal, Roménia e Eslováquia eram os países da UE28 com a maior percentagem de agregados sem serviço telefónico (fixo ou móvel);
    • A percentagem de indivíduos que nunca utilizou o serviço de acesso à Internet tem vindo a diminuir, atingindo 28 por cento em 2015, 12 pontos percentuais acima da média da UE28. Estas diferenças face à U.E. são ainda mais evidentes entre os indivíduos de idades mais avançadas (mais de 54 anos), com um nível de escolaridade baixo (até ao 3º ciclo do ensino básico), em situação de reforma e com rendimentos mais baixos;
    • As principais barreiras à adesão aos serviços de comunicações eletrónicas são a falta de utilidade e a utilização de redes ou serviços alternativos, tanto no mercado residencial como no mercado empresarial. Acrescem ainda os custos associados no segmento residencial. 
Notas
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1 STM - Serviço telefónico móvel, STF - Serviço telefónico em local fixo; BLM - Banda larga móvel; BLF - Banda larga fixa; STVS - Serviço de televisão por subscrição.
2 SAIF - Serviço de acesso à Internet fixa; SAIM - Serviço de acesso à Internet móvel.