Parecer sobre o Plano Plurianual de Atividades 2017-2019 e o Orçamento para 2017


1. Introdução

De acordo com as disposições legais e estatutárias aplicáveis, cumpre-nos apresentar o parecer sobre o Plano Plurianual de Atividades para o triénio 2017-2019 e o Orçamento para 2017 da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM).

2. Plano Estratégico 2017-2019

No presente ano e pela primeira vez, a ANACOM, no sentido de dar cumprimento ao disposto do artigo 47.º, n.º 1, dos seus estatutos, submeteu a consulta pública a listagem das ações a integrar no Plano Plurianual de Atividade 2017-2019, visando desta forma reforçar a transparência no mercado, aumentar a previsibilidade regulatória a promover um maior envolvimento de todos os interessados na preparação do referido plano de atividades.

Assim, a ANACOM enquanto entidade reguladora do mercado das comunicações, definiu como sua missão “A regulação do sector das comunicações, incluindo as comunicações eletrónicas e postais, e, sem prejuízo da sua natureza, a coadjuvação ao Governo no domínio das comunicações, nos termos dos seus estatutos e da lei.”.

O cumprimento da missão da ANACOM e a concretização da sua ambição (visão) implicam a definição de um conjunto de fatores críticos de sucesso, bem como os decorrentes objetivos estratégicos e ações prioritárias a levar a efeito no triénio 2017-2019, tendo em consideração a atual situação económica e financeira do País.

Os objetivos estratégicos preconizados para o triénio em análise são:

  • Garantir e proteger os direitos dos utilizadores e dos cidadãos;
  • Promover mercados abertos e concorrenciais;
  • Garantir a eficiente gestão dos recursos públicos;
  • Promover a cooperação institucional e técnica;
  • Promover a eficiência e a eficácia interna.

Os objetivos estratégicos apresentam-se devidamente detalhados no Plano Plurianual de Atividades 2017-2019, apresentado pelo Conselho de Administração.

O documento apresenta ainda, de forma exaustiva, um conjunto de linhas de ação a desenvolver para cada um dos objetivos estratégicos definidos, bem como a respetiva calendarização.

Quanto aos meios disponíveis são de salientar:

2.1. Plano de recursos humanos

No seu Plano Estratégico 2017-2019 a Autoridade pretende alinhar e desenvolver o seu capital humano no sentido de reforçar a sua cultura organizacional, atribuindo como papel central, o desenvolvimento de competências, a partilha de conhecimento crítico e a motivação.

Nesta área, e para o triénio em causa, a ANACOM pretende dar continuidade e consolidar as iniciativas lançadas em anos anteriores, destacando para o efeito os seguintes pontos de intervenção:

  • Consolidar o programa de gestão de talento com vista a assegurar a continuidade das funções críticas da ANACOM, através da implementação de instrumentos de diagnóstico que permitam o desenvolvimento e a retenção de potenciais sucessores, bem como o conhecimento e a preparação da estrutura para o futuro;
  • Implementar planos de ação de melhoria e de motivação tendo por suporte o sistema interno de auscultação de ideias dos colaboradores;
  • Dinamizar os programas de formação e de desenvolvimento da ANACOM visando a aprendizagem e o desenvolvimento permanentes de acordo com necessidades transversais e específicas das funções e de gestão das áreas, tendo em consideração o alinhamento com os valores e os objetivos estratégicos de desempenho da organização;
  • Reforçar e consolidar o alinhamento estratégico dos colaboradores com os valores e a cultura organizacional, criando para o efeito canais de comunicação interna que permitam o acesso à informação e a partilha de ideias e conhecimentos;
  • Dar continuidade às iniciativas de colaboração entre o regulador e a comunidade académica, através da realização de programas anuais de estágios profissionais e curriculares sendo ainda de considerar a possibilidade de atribuição de bolsas de investigação. 

2.2. Plano de Investimento

O Plano de Investimento para o período 2017-2019 continuará a ser desenvolvido tendo em consideração a promoção da eficiência da atividade e a racionalização dos gastos e investimentos. Assim, prevê-se uma redução no investimento em equipamento básico e no equipamento informático ao longo do período do plano.

Os programas de investimento que constam do Plano, e que visam dar continuidade às linhas de orientação delineadas em planos anteriores, apresentam-se no quadro seguinte:

Rubricas

2017

2018

2019

Variação (%)

2018/2017

2019/2018

Modernização dos laboratórios

 16 000     

 50 000     

 50 000     

213

0

Reapetrechamento tecnológico da monitorização do espectro

 500 000     

 500 000     

 450 000     

0

(11)

Atualizações do sistema SINCRER

 150 000     

 150 000     

 150 000     

0

0

Adequação tecnológica-arquitetura e plataformas tecnológicas

 1 954 000     

 1 500 000     

 1 500 000      

(23)

0

Aquis. equipamentos básicos radioelétricos diversos

 70 000     

 70 000     

 70 000     

0

0

Aquis. equipamentos informáticos diversos

 200 000     

 100 000     

 100 000     

(50)

0

Aquisições correntes diversas

 165 000     

 165 000     

 165 000     

0

0

TOTAL

3 055 000     

2 535 000     

2 485 000     

(17)

(2)

Unidade: Euros

2.3. Plano Financeiro

O Plano Financeiro 2017-2019 reflete a quantificação adequada dos meios financeiros necessários para a execução das atividades previstas no plano.

Apresentamos de seguida o Plano de Rendimentos:

Rubricas

2017

2018

2019

Variação (%)

2018/2017

2019/2018

Comunicações eletrónicas

 

 

 

 

 

* Declarações comprovativas de direitos

15 000

15 000

15 000

0,00

0,00

* Exercício de atividade de comunicações eletrónicas

30 000 000

29 750 000

29 500 000

(0,83)

(0,84)

* Utilização de frequências - SCET

39 901 200

39 901 200

39 901 200

0,00

0,00

* Utilização de frequências - restantes

11 100 600

11 100 600

11 100 600

0,00

0,00

* Utilização de números

1 719 300

1 719 300

1 719 300

0,00

0,00

Exercício da atividade de serviços postais

2 102 700

2 102 700

2 102 700

0,00

0,00

Restantes prestações de serviço

347 000

347 000

347 000

0,00

0,00

Juros e outros rendimentos similares

466 500

466 500

466 500

0,00

0,00

Outros rendimentos e ganhos

125 700

125 700

125 700

0,00

0,00

Rendimentos

85 778 000

85 528 000

85 278 000

(0,29)

(0,29)

Unidade: Euros

No que respeita aos rendimentos, a expetativa é a de que estes continuem a ter origem na cobrança de taxas devidas à ANACOM pelos fornecedores de redes e serviços de comunicações eletrónicas, em função dos custos de regulação incorridos com as respetivas atividades de regulação, e das taxas relativas à utilização de frequências e à utilização de números, taxas estas que representam 96% dos rendimentos orçamentados.

O Plano de Gastos para o triénio em análise apresenta-se de seguida:

Rubricas

2017

2018

2019

Variação (%)

2018/2017

2019/2018

Fornecimentos e serviços externos

10 995 400

10 849 500

10 733 600

(0,97)

(1,07)

Gastos com o pessoal

24 877 700

24 877 700

24 877 700

0,00

0,00

Gastos de depreciação e amortização

2 933 400

3 177 200

2 980 300

8,31

(6,20)

Perdas por imparidade

50 100

50 100

50 100

0,00

0,00

Provisões do período

9 900 000

7 900 000

5 900 000

(20,20)

(25,32)

Outros gastos e perdas

7 252 900

7 342 400

7 342 400

1,23

0,00

Gastos

56 069 500

54 196 900

51 884 100

(3,17)

(4,27)

Unidade: Euros

O Plano de Gastos integra o conjunto de despesas necessárias para assegurar o desenvolvimento das atividades inerentes ao cumprimento das funções atribuídas à ANACOM, nomeadamente, a regulação e supervisão do sector das comunicações, a gestão e fiscalização do espectro radioelétrico, a monitorização das obrigações das entidades concessionárias licenciadas e autorizadas para a prestação de serviços de comunicações, a representação do Estado Português, o pagamento de quotizações a organismos internacionais de correios e telecomunicações, e a assessoria ao Governo. Sublinhe-se a evidência de uma contenção de gastos totais, a qual, fruto das reduções realizadas nos anos anteriores, se torna cada vez mais limitada.

A ANACOM assegura uma contribuição como instituidor para a FPC - Fundação Portuguesa das Comunicações e participa nas despesas de funcionamento da Autoridade da Concorrência, dando cumprimento às orientações do Governo.

Obtivemos explicação, considerada razoável, para as estimativas efetuadas. Verifica-se também que os Planos de Investimento e de Gastos apresentam cobertura orçamental.

3. Orçamento para 2017

A proposta de Orçamento da ANACOM para o exercício 2017 teve em consideração os pressupostos e valores considerados no plano financeiro, que constitui parte integrante do Plano Plurianual de Atividades 2017-2019.

3.1. Orçamento de Investimento

O Orçamento de Investimento para 2017 pretende dar continuidade e concretizar a modernização e reapetrechamento dos centros de fiscalização e dos sistemas de informação, no sentido de dotar a ANACOM com os meios necessários para acompanhar as grandes transformações que se estão a concretizar ao nível das comunicações e garantir o suporte adequado dos sistemas de informação.

Rubricas

2017

Terrenos e Edifícios

75.000

Equipamento básico radioelétrico

736.000

Equipamento de transporte

24.000

Equipamento administrativo

881.000

Programas de computador (Software)

1.309.000

Adaptação de Instalações

30.000

TOTAL

3.055.000

Unidade: Euros

Do valor orçamentado para o investimento a realizar durante o exercício de 2017, destacam-se os seguintes projetos:

  • Atualização e modernização dos equipamentos de monitorização do espectro; 
  • Renovação e atualização do sistema informático, quer a nível de hardware (parque servidor), quer a nível de desenvolvimento de novas aplicações de suporte às atividades da ANACOM.

3.2. Orçamento de Rendimentos

Rubricas

2017

Comunicações eletrónicas

82.736.100

Exercício da atividade de serviços postais

2.102.700

Restantes prestações de serviços

347.000

Juros e rendimentos similares obtidos

466.500

Outros rendimentos e ganhos

125.700

TOTAL

85.778.000

Unidade: Euros

O Orçamento de Rendimentos para 2017 resulta da aplicação das taxas previstas na legislação em vigor. O apuramento dos valores finais teve ainda em conta a variação da atividade de cada uma das naturezas de serviço, sendo a política de tarifário adequada à necessidade de cobertura de gastos e investimento da ANACOM.

O valor orçamentado em Juros e rendimentos similares obtidos inclui, fundamentalmente, os ganhos decorrentes dos juros dos depósitos à ordem e das aplicações financeiras decorrentes dos excedentes de tesouraria.

Registados como Outros rendimentos e ganhos, encontram-se os valores relativos a subsídios da União Europeia e outros rendimentos de pequeno e ocasional valor, que resultam da venda de cadernos de encargos, sucatas, alienação de bens, entre outros.

3.3. Orçamento de Gastos

Rubricas

2017

Fornecimentos e serviços externos

10 995 400

Gastos com o pessoal

24 877 700

Gastos de depreciação e amortização

2 933 400

Perdas por imparidade

50 100

Provisões do período

9 900 000

Outros gastos e perdas

7 252 900

TOTAL

56 069 500

Unidade: Euros

Na rubrica Fornecimentos e serviços externos, que representam cerca de 20% do orçamento de gastos da ANACOM, destacamos, pela sua importância, os custos orçamentados com Trabalhos especializados (3.464.200 euros), com Conservação e reparação (2.465.800 euros), e Rendas e alugueres (1.662.500 euros).

A conta Gastos com o pessoal, que representa cerca de 44% do Orçamento de Gastos, apresenta um valor orçamentado de 24.877.700 euros.

O montante de 2.933.400 euros registado como Gastos de depreciação e amortização inclui a depreciação dos equipamentos em poder do ICP-ANACOM de acordo com as taxas específicas (bens transitados dos CTT) ou taxas genéricas definidas no Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro.

As variações líquidas ocorridas, respeitantes a imparidades que afetem as dívidas a receber apresentam-se orçamentadas na conta Perdas por imparidade, a qual apresenta um valor de 50.100 euros.

A conta Provisões do período apresenta um valor orçamentado de 9.900.000 euros, para fazer face às ações judiciais intentadas contra a Autoridade, nomeadamente as relacionadas com impugnações de deliberações tomadas no âmbito da regulação do mercado. A ANACOM manteve o critério introduzido no período anterior relativamente à estimativa de provisões, fazendo incluir no presente orçamente a totalidade dos processos judiciais existente à data final do exercício de 2015, aos quais se aplicam as políticas contabilísticas adotadas, facto que conduziu a um aumento deste tipo de gastos.

Em Outros gastos e perdas destacam-se as rubricas Participações/Transferências (5.753.100 euros) e as Quotizações (907.600 euros).

4. Parecer

Face à análise a que se procedeu dos elementos que para o efeito foram entretanto disponibilizados ao Conselho Fiscal, é nossa opinião que, quer o Plano Plurianual de Atividades 2017-2019, quer o Orçamento de 2017 da ANACOM, enquadrados nos objetivos estratégicos e ações prioritárias traçadas, se encontram em condições de ser submetidos à aprovação ministerial, de acordo com o disposto nos respetivos estatutos.

Lisboa, 3 de novembro de 2016

O Conselho Fiscal

Dr. Henrique Armando Antunes Ferreira - Presidente

Oliveira, Reis & Associados, SROC, Lda.
Representada por
Joaquim Oliveira de Jesus, ROC n.º 1056
Dr. Duarte Nuno de Carvalho Gomes de Castro - Vogal