Enquadramento geral


O acesso à Internet constitui actualmente uma forma de comunicar indispensável na vida dos Portugueses. Os serviços e-government oferecidos aos cidadãos Portugueses têm vindo a aumentar consideravelmente, em resultado de um esforço do governo e da administração central. Os Portugueses têm correspondido significativamente (em 2009 foram entregues 75,8% de declarações IRS via Internet contra 24,2% entregues em papel).

Presentemente são disponibilizados na Internet serviços prestados pela Administração Pública, como o portal do cidadão, portal das finanças, segurança social directa, serviços municipalizados, águas e saneamento, assim como a prestação de serviços de infra-estruturas básicas prestadas por empresas como o gás, a luz e telecomunicações. Inicialmente os níveis de interactividade disponíveis nestes portais eram bastante reduzidos, de carácter mais informativo. Actualmente essa realidade alterou-se consideravelmente. Os serviços interactivos (o cidadão inicia o processo, mas não termina) ou transaccionais (o cidadão inicia e termina o processo) partilham ou mesmo superam a quota de utilização de carácter informativo. Assim o acesso à Internet tem vindo progressivamente a abandonar uma conotação de meio de entretenimento e prestação de transacções comerciais para assumir um papel fundamental na simplificação da vida de todos os Portugueses.

Segundo o último estudo acerca do comportamento global de consumo na Internet, publicado pela Sandvine, Intelligent Broadband Networks 1, a navegação na Internet (web browsing) representa a maior porção (33,7%) do tráfego total transaccionado a nível global. Logo em seguida vem o tráfego associado à utilização de aplicações em tempo real, visionamento de conteúdos do tipo youtube, com uma fatia de 26,6%. Em terceiro surge a partilha de informação através de ferramentas Peer-to-Peer, como o Bittorrent representando a quota de 20,4% da totalidade.

Neste contexto, os estudos realizados pelo ICP-ANACOM, acerca da qualidade do serviço no acesso à Internet (parâmetros técnico associados ao desempenho da rede) assumem gradualmente um maior protagonismo na compreensão dos factores que afectam o desempenho do acesso à Internet em banda larga. A publicação dos resultados ajudará por um lado, os consumidores a optimizar as suas escolhas tendo em conta o seu perfil de utilização, por outro fornece aos operadores uma perspectiva diferente enriquecendo a informação de estes necessitam para optimizar os seus investimentos, nomeadamente em novas tecnologias de acesso e aumento da capacidade das respectivas redes de transporte.

O estudo foi preparado e realizado em parceria com a QMETRICS - Serviços de Consultadoria, S.A. e a ERICSSON PORTUGAL, com a colaboração da FCCN – Fundação para a Computação Científica Nacional. A APRITEL - Associação do Operadores de Telecomunicações, a DGC – Direcção Geral do Consumidor e os fornecedores do serviço de acesso à Internet (ISPs e operadores móveis) objecto do estudo foram também envolvidos, tendo as suas sugestões e opiniões críticas sido consideradas na definição da metodologia.

Neste enquadramento constitui objectivo deste documento apresentar as principais conclusões do estudo realizado em 2009 no âmbito da qualidade do serviço de acesso à Internet que pode ser consultado ou descarregado na íntegra do sítio do ICP-ANACOM.

Pressupostos de base

O estudo sobre a qualidade do acesso à Internet foi realizado entre as datas de 27 de Novembro de 2009 e 7 de Fevereiro de 2010, para os acessos móveis, e entre 5 de Dezembro de 2009 e 17 de Março de 2010, para os acessos fixos. Em seguida apresentam-se alguns aspectos que o leitor deverá ter em consideração ao analisar os resultados apurados:

  • A informação presente neste relatório relaciona velocidades de transferência de ficheiros entre outras medidas de desempenho como tempo de carregamento de páginas Web, latência, Jitter e perda de pacotes. Outros factores relevantes na decisão de aquisição de acessos de banda larga, como o preço, serviço ao cliente, disponibilização de ferramentas de segurança, como antivírus e Firewalls, não foram objecto de avaliação.

  • O desempenho da Banda Larga depende fortemente da localização dos clientes e da tecnologia utilizada no acesso, em especial para o caso do ADSL. Neste tipo de tecnologia de acesso o comprimento da linha (lacete de cobre) entre a central e a residência condiciona fortemente os débitos máximos que poderão ser alcançados. Aliado a este facto a contenção nas redes de transporte (backbones) é outro dos factores que também condicionam os desempenhos, em especial para as horas de maior utilização (busy hour).

  • O estudo realizado comparou as ofertas dos acessos fixos (cabo e adsl) onde se procurou assegurar representatividade ao nível do território de Portugal Continental. A avaliação comparativa dos móveis (3G-UMTS), tendo em conta as suas características técnicas, foi realizada para os concelhos de Lisboa, Porto e Faro, de forma a garantir a representatividade da amostra em cada um dos destes locais

Considerações sobre aspectos estatísticos

  • Como referido, o estudo inclui dois tipos de acesso em banda larga: móvel (3G) e fixo (cabo e ADSL). Na vertente de acesso móvel 3G foram realizados testes indoor (residências de particulares) e outdoor (incluindo locais públicos, como sejam áreas de comércio e lazer, aeroportos, escolas, em que existe uma elevada utilização de internet banda larga móvel), nas áreas metropolitanas dos concelhos de Faro, Lisboa e Porto. Para este efeito, foi seleccionada uma amostra de cerca de 60 locais em cada um dos concelhos, onde se recolheram medições durante sete dias consecutivos. Para a avaliação dos acessos fixos foi constituído um painel de 259 utilizadores (52 Cabovisão, 51 Zon, 52 Clix, 51 Sapo e 53 Vodafone), seleccionados aleatoriamente a partir de bases de contactos telefónicos constituídas para o efeito. Foram realizadas por cada amostra do universo de caracterização 9.516 e 10.980 medidas por indicador e operador, respectivamente para o acesso fixo e móvel.

  • Foram considerados para objecto do estudo os operadores móveis que totalizam, de forma agregada, cerca de 90% de quota de mercado. Para os acessos móveis consideraram-se todos os operadores 3G que operam na tecnologia UMTS.

  • O dimensionamento da amostra foi efectuado para um intervalo de confiança estatística de 95%. A dimensão da amostra é extraída através da variação dos resultados (desvio padrão) de acordo com os níveis de precisão dos resultados que são pretendidos atingir. Um intervalo de confiança de 95% significa que se o estudo for repetido por exemplo 100 vezes, com uma amostra diferente construída do mesmo modo, em 95 dessas amostras o intervalo de confiança contém o verdadeiro valor da população, apresentando o mesmo nível de precisão.

  • Todos os métodos técnicos e estatísticos empregados na realização do estudo, além das entidades envolvidas no estudo (ICP-ANACOM, Qmetrics e Ericsson), foram revistos pelo Instituto das Telecomunicações.

Notas
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1 Research Report: 2009 Global Broadband Phenomenahttp://www.sandvine.com/downloads/documents/2009%20Global%20Broadband%20Phenomena%20-%20Full%20Report.pdf