ANACOM avalia qualidade do serviço de comunicações móveis em Portugal continental


A ANACOM divulga hoje o relatório de aferição da qualidade de serviço das redes móveis relativo a Portugal continental. Este estudo segue-se à realização de um conjunto de cinco estudos que a ANACOM realizou e publicou ao longo de 2020 e início de 2021, com vista à avaliação do desempenho de serviços móveis de voz e dados, e cobertura GSM, UMTS e LTE, da MEO, NOS e Vodafone, nas regiões NUTS II de Portugal Continental: Alentejo, Norte, Área Metropolitana de Lisboa (AML), Algarve e Centro. O estudo de síntese do território continental agora divulgado resulta da agregação da informação recolhida nestes estudos parcelares.

Estes estudos visam dotar o mercado de informação isenta sobre o desempenho destes serviços e caracterizar a experiência de utilizador em termos de acessibilidade, retenção e integridade dos serviços. A avaliação do desempenho dos serviços e da cobertura rádio é efetuada usando 13 indicadores de qualidade (cf. Anexo 1), recolhidos pela ANACOM com base em: (i) chamadas e conversações, para avaliação do serviço de voz; (ii) transferências de ficheiros, de páginas web e de vídeos, para avaliação dos serviços de dados; (iii) medições de níveis de sinal das redes rádio, para avaliação da cobertura.

Deste estudo, que sintetiza os resultados em Portugal Continental, salienta-se que os sistemas de comunicações móveis dos operadores analisados apresentam, em média, boa cobertura rádio GSM e adequada cobertura rádio UMTS e LTE. No entanto, observam-se desempenhos diferenciados entre as tipologias de áreas urbanas, com piores desempenhos nas áreas predominantemente rurais, e entre os operadores, em particular os piores desempenhos da MEO e da NOS, em UMTS e em LTE, enquanto a Vodafone, que na maioria dos indicadores analisados no estudo regista o melhor desempenho, apresenta um pior desempenho em GSM. A cobertura rádio apresenta alguma variabilidade, observando-se níveis de sinal de “Muito Boa” ou “Boa” qualidade, mas também outros abaixo dos parâmetros adequados, em particular níveis significativos de cobertura rádio “Má” ou “Inexistente”, nomeadamente em UMTS e LTE nas zonas predominantemente rurais.

O serviço de voz apresenta bom desempenho global em todos os operadores. Porém, nas áreas predominantemente rurais, observa-se uma acentuada degradação do desempenho deste serviço, nomeadamente no que toca às capacidades de estabelecimento e de retenção de chamadas.

Nos serviços de dados, em transferência de ficheiros, regista-se bom desempenho global, observando-se algumas diferenças entre os operadores e, de forma mais acentuada, entre as tipologias de áreas urbanas. A capacidade de estabelecimento e retenção de sessões de transferência de ficheiros, em download e em upload, apresenta uma acentuada degradação nas áreas predominantemente rurais, sobretudo no operador MEO. Observa-se ainda uma deterioração significativa da velocidade de transferência de ficheiros nas áreas predominantemente rurais, sendo os valores médios cerca de metade dos registados nas áreas predominantemente urbanas. Este indicador apresenta variabilidade muito elevada, observando-se valores máximos de 249,90 Mbps e 64,49 Mbps, respetivamente em download e upload, e mínimos inferiores a 0,013 Mbps, que dificultam ou impossibilitam a transmissão de dados em condições adequadas.

Os serviços de navegação na Internet e youtube video streaming, e também a latência de transmissão de dados, apresentam desempenhos inferiores, face à transferência de ficheiros, observando-se também algumas diferenças entre operadores e tipologias de áreas urbanas. De uma forma geral, o operador MEO e as áreas predominantemente rurais registam os piores desempenhos.

Os Anexos 2 a 3 sumariam as diferenças observadas entre os operadores (MEO, NOS e Vodafone) e entre as tipologias de áreas urbanas (Área Predominantemente Urbana, Área Mediamente Urbana e Área Predominantemente Rural) e, sempre que possível, a respetiva posição (do melhor para o pior desempenho) para cada indicador. O Anexo 4 sintetiza ainda, e sempre que possível, a posição dos operadores em cada uma das tipologias (do melhor para o pior desempenho).

Os resultados registados nas regiões NUTS II que compõem Portugal Continental – Norte, Centro, AML, Alentejo e Algarve – mostram as assimetrias entre estas regiões. De uma forma global, observam-se melhores desempenhos dos serviços e melhor cobertura das redes móveis na AML, seguindo-se as regiões do Norte e do Algarve. No extremo oposto, com os piores desempenhos, encontram-se as regiões do Centro e do Alentejo.

O Anexo 5 sumaria a posição das regiões NUTS II de Portugal Continental (do melhor para o pior desempenho) para cada indicador.

Este estudo baseia-se em testes realizados de acordo com a metodologia aprovada pela ANACOM, em 2017, após consulta ao mercado. As medições são efetuadas de forma sistemática, com procedimentos padronizados e sem intervenção ou decisão humana, e em igualdade de condições para os vários operadores, permitindo a análise objetiva e comparativa dos desempenhos. Na abordagem amostral seguida, considera-se como universo o conjunto de comunicações móveis realizadas no território continental, sendo a chamada de voz móvel e a sessão de dados móveis as unidades estatísticas consideradas. A amostra tem por base dois níveis de estratificação. O primeiro separa o território continental em NUTS II, seguindo-se uma desagregação por NUTS III.

O trabalho de campo decorreu de 4 a 18 de dezembro de 2020 na região Centro, de 20 a 29 de outubro de 2020 na região Algarve, de 25 de maio a 5 de junho de 2020 na região AML, de 3 a 13 de fevereiro de 2020 na região Norte e de 7 a 28 de maio de 2019 na região Alentejo. Realizaram-se 4 791 chamadas de voz, 32 005 sessões de dados e 2 901 215 medições de sinal rádio, correspondendo a aproximadamente 1 597 chamadas de voz, 1 778 sessões de dados e 322 357 medições de sinal rádio, por indicador e operador. No total, foram percorridos 1 547 quilómetros em testes.

Salienta-se que a leitura dos resultados deve atender à natureza dinâmica e à evolução permanente dos sistemas de comunicações móveis.

Consulte o estudo em: Avaliação do desempenho de serviços móveis e de cobertura GSM, UMTS e LTE, em Portugal Continentalhttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1617537.


Anexo 1

Indicadores de qualidade utilizados para medir o desempenho dos serviços e a cobertura rádio

1. Cobertura Rádio – disponibilidade das infraestruturas rádio GSM, UMTS e LTE.

2. Acessibilidade do Serviço de Voz – probabilidade de sucesso no estabelecimento de chamadas.

3. Rácio de Terminação de Chamadas de Voz – probabilidade de uma chamada, depois de estabelecida com sucesso, se manter ativa durante um período de tempo, terminando de forma normal, ou seja, de acordo com a vontade do utilizador.

4. Tempo de Estabelecimento de Chamadas de Voz – período de tempo que a rede demora a estabelecer a comunicação, após o envio correto do pedido (número de telefone de destino).

5. Qualidade de Áudio – percetibilidade da conversação durante uma chamada de voz.

6. Rácio de Terminação de Sessões de Dados – probabilidade de uma sessão de utilização do serviço – transferência de ficheiros, navegação na Internet ou youtube video streaming – ser estabelecida e decorrer com sucesso, ou seja, manter-se ativa durante a totalidade do período predefinido para transferência de ficheiros, permitir a transferência da totalidade da página web ou a reprodução completa de conteúdos multimédia.

7. Velocidade de Transferência de Dados – quantifica a velocidade média de transferência de dados durante uma sessão de transferência de ficheiros.

8. Duração de Transferência de Página web – quantifica o tempo médio necessário para a transferência de uma página web.

9. Tempo até Início de Visualização de Conteúdos – período de tempo que decorre entre o pedido de um conteúdo multimédia e o início da visualização da primeira imagem, do mesmo conteúdo, no equipamento terminal de utilizador, numa sessão youtube video streaming.

10. Duração das Interrupções – agrega a duração de todas as interrupções ou paragens na reprodução (freezing) ocorridas durante uma sessão de youtube video streaming.

11. Qualidade de Vídeo – quantifica a qualidade visual da comunicação, durante uma sessão youtube video streaming.

12. Resolução de Vídeo – quantifica o número médio de píxeis da imagem durante a reprodução de vídeo, de uma sessão youtube video streaming.

13. Latência de Transmissão de Dados – quantifica o tempo necessário para que um pacote de informação viaje desde o equipamento de utilizador até ao Servidor de Conteúdos ou vice-versa. 


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