ANACOM avalia qualidade do serviço de comunicações móveis


A ANACOM realizou um estudo de avaliação do desempenho de serviços móveis de voz e dados, e da cobertura GSM (Sistema de Comunicações Móveis de Segunda Geração - 2G), UMTS (Sistema de Comunicações Móveis de Terceira Geração - 3G) e LTE (Sistema de Comunicações Móveis de Quarta Geração - 4G) disponibilizados pela MEO, NOS e Vodafone na região Norte, que abarca, integralmente, os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Bragança, e o norte dos distritos de Aveiro, Guarda e Viseu, num total de 86 municípios , abrangendo 21,3 mil Km2, ou seja 23% da superfície terrestre do país (cf. Figura 1).

NUTS II Norte - maio 2020

Figura 1 – NUTS II Norte. 

Este estudo, relativo à região Norte, é o segundo feito pela ANACOM este ano. O primeiro estudo, relativo à região Alentejo, foi publicado em janeiro deste anohttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1499096.

Estes estudos, que visam dotar o mercado de informação isenta sobre o desempenho destes serviços, têm em vista caracterizar a experiência de utilizador em termos de acessibilidade, retenção e integridade dos serviços. Para tal são realizadas pela ANACOM: (i) chamadas e conversações, para avaliação do serviço de voz; (ii) transferências de ficheiros, de páginas web e de vídeos, para avaliação dos serviços de dados; (iii) medições de níveis de sinal das redes rádio, para avaliação da cobertura; resultando em 13 indicadores de qualidade utilizados para aferir o desempenho dos serviços e a cobertura rádio (cf. Anexo 1).

Neste segundo estudo, relativo à região Norte (NUTS II), os sistemas analisados apresentaram, em média, boa cobertura rádio GSM e adequada cobertura rádio UMTS e LTE, ainda que com desempenhos diferenciados entre as tipologias de áreas urbanas (cf. Anexo 2) e entre os operadores (cf. Anexo 3), salientando-se:

  • No que respeita às tipologias de áreas urbanas, um pior desempenho nas áreas predominantemente rurais.
  • Na análise dos resultados associados a cada operador e das respetivas diferenças, um melhor desempenho da Vodafone na tecnologia UMTS.
  • Que a cobertura rádio apresenta alguma variabilidade, tendo-se observado níveis de sinal de “muito boa” ou “boa” qualidade, mas também outros que ficaram abaixo dos parâmetros adequados, nomeadamente em UMTS e LTE, observando-se alguns níveis significativos de cobertura rádio “Inexistente” em zonas predominantemente rurais.

O serviço de voz apresentou bom desempenho global em todos os operadores, registando, porém, nas áreas predominantemente rurais, uma acentuada degradação, nomeadamente no tocante às capacidades de estabelecimento e de retenção de chamadas.

Nos serviços de dados, em transferência de ficheiros, registou-se bom desempenho global, no download e no upload, observando-se, não obstante, algumas diferenças entre os operadores e, de forma mais acentuada, entre as tipologias de áreas urbanas. A capacidade de estabelecimento e retenção de sessões de transferência de ficheiros, em download e upload, apresentou uma acentuada degradação nas áreas predominantemente rurais. Por seu lado, a velocidade de transferência de ficheiros registada nas áreas mediamente urbanas e predominantemente rurais é significativamente inferior à registada nas áreas predominantemente urbanas, tanto em download como em upload. Este indicador apresentou uma elevada variabilidade, observando-se valores máximos acima de 249 Mbps e 64 Mbps, respetivamente em download e upload, e mínimos abaixo de 0,05 Mbps, que dificultam ou impossibilitam a transmissão de dados em condições adequadas.

Os serviços de navegação na Internet e youtube video streaming, e também a latência de transmissão de dados, apresentaram desempenhos inferiores, face à transferência de ficheiros, observando-se também algumas diferenças entre operadores e tipologias de áreas urbanas. De uma forma geral, registaram-se piores desempenhos nas áreas mediamente urbanas e predominantemente rurais.

Este estudo baseia-se em testes realizados de acordo com a nova metodologia aprovada pela ANACOM, em 2017, após consulta ao mercado. As medições são efetuadas de forma sistemática, com procedimentos padronizados e sem intervenção ou decisão humana, e em igualdade de condições para os vários operadores, permitindo a análise objetiva e comparativa dos desempenhos. Na abordagem amostral seguida, considera-se como universo o conjunto de comunicações móveis realizadas no território continental, sendo a chamada de voz móvel e a sessão de dados móveis as unidades estatísticas consideradas. A amostra tem por base dois níveis de estratificação. O primeiro separa o território continental em NUTS II, seguindo-se uma desagregação por NUTS III. O estudo agora divulgado diz respeito aos resultados obtidos a partir da amostra relativa à Região Norte (NUTS II).

O trabalho de campo relativo a este segundo estudo decorreu entre os dias 3 e 13 de fevereiro de 2020, tendo sido realizadas 952 chamadas de voz, 6 475 sessões de dados e 578 712 medições de sinal rádio, correspondendo a aproximadamente 317 chamadas de voz, 360 sessões de dados e 64 300 medições de sinal rádio, por indicador e operador. Foram percorridos 303 quilómetros em testes.

Salienta-se que a leitura dos resultados deve atender à natureza dinâmica e à evolução permanente dos sistemas de comunicações móveis.

A ANACOM prevê continuar, durante o corrente ano, os estudos relativos às restantes regiões do território continental, a que se seguirão os estudos relativos às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. 


Anexo 1

Indicadores de qualidade utilizados para medir o desempenho dos serviços e a cobertura rádio

  1. Cobertura Rádio – disponibilidade das infraestruturas rádio GSM, UMTS e LTE;
  2. Acessibilidade do Serviço de Voz – probabilidade de sucesso no estabelecimento de chamadas;
  3. Rácio de Terminação de Chamadas de Voz – probabilidade de uma chamada, depois de estabelecida com sucesso, se manter ativa durante um período de tempo, terminando de forma normal, ou seja, de acordo com a vontade do utilizador;
  4. Tempo de Estabelecimento de Chamadas de Voz – período de tempo que a rede demora a estabelecer a comunicação, após o envio correto do pedido (número de telefone de destino);
  5. Qualidade de Áudio – percetibilidade da conversação durante uma chamada de voz;
  6. Rácio de Terminação de Sessões de Dados – probabilidade de uma sessão de utilização do serviço – transferência de ficheiros, navegação na Internet ou youtube video streaming – ser estabelecida e decorrer com sucesso, ou seja, manter-se ativa durante a totalidade do período predefinido para transferência de ficheiros, permitir a transferência da totalidade da página web ou a reprodução completa de conteúdos multimédia;
  7. Velocidade de Transferência de Dados – quantifica a velocidade média de transferência de dados durante uma sessão de transferência de ficheiros;
  8. Duração de Transferência de Página web – quantifica o tempo médio necessário para a transferência de uma página web;
  9. Tempo até Início de Visualização de Conteúdos – período de tempo que decorre entre o pedido de um conteúdo multimédia e o início da visualização da primeira imagem, do mesmo conteúdo, no equipamento terminal de utilizador, numa sessão youtube video streaming;
  10. Duração das Interrupções – agrega a duração de todas as interrupções ou paragens na reprodução (freezing) ocorridas durante uma sessão de youtube video streaming;
  11. Qualidade de Vídeo – quantifica a qualidade visual da comunicação, durante uma sessão youtube video streaming;
  12. Resolução de Vídeo – quantifica o número médio de píxeis da imagem durante a reprodução de vídeo, de uma sessão youtube video streaming;
  13. Latência de Transmissão de Dados – quantifica o tempo necessário para que um pacote de informação viaje desde o equipamento de utilizador até ao Servidor de Conteúdos ou vice-versa.

Anexo 2

Síntese das diferenças entre tipologias de áreas urbanas

Anexo 2 - ANACOM avalia qualidade do serviço de comunicações móveis - maio 2020.


Anexo 3

Síntese das diferenças entre operadores

Anexo 3 - ANACOM avalia qualidade do serviço de comunicações móveis - maio 2020.


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