11.º Congresso do Comité Português da URSI ''Novas tecnologias para a mobilidade''

“Novas tecnologias para a mobilidade” foi o tema do 11.º Congresso do Comité Português da URSI (União Radiocientífica Internacional), que decorreu a 24 de novembro de 2017, na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa, presidido por Luísa Mendes, Diretora de Gestão do Espectro da ANACOM e Presidente do Comité Português da URSI.

A sessão de abertura dos trabalhos contou com a intervenção de João Cadete de Matos, Presidente do Conselho de Administração da ANACOM, e de Guilherme d'Oliveira Martins, Secretário de Estado das Infraestruturas.

As intervenções de abertura realçaram a mobilidade como a grande tendência do futuro, constituindo a base da principal revolução tecnológica do século XXI. Com a evolução das tecnologias rádio em direção ao 5G abrem-se novas fronteiras para um futuro conectado, que irá necessariamente alterar a forma como as pessoas interagem, afetando as relações sociais e profissionais. 

A mobilidade inteligente e a Internet das coisas irão proporcionar o desenvolvimento de cidades digitais e sustentáveis e de sistemas de transportes cada vez mais rápidos, automatizados e inteligentes. As novas tecnologias assumem um papel fundamental, enquanto facilitadoras da introdução de novos paradigmas, que vêm introduzir importantes ganhos de segurança e eficiência e a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos aos utilizadores.

Ao longo do dia, teve lugar um vasto programa de atividades, com painéis muito diversificados que, seguramente, estimularam um forte interesse junto de todos os participantes.

Carlos Salema, do Instituto de Telecomunicações (IT), moderou a primeira sessão, dedicada aos “Desafios da mobilidade”, convidando a indústria, academia e o regulador das comunicações a apresentarem a sua visão sobre o futuro da mobilidade, não só do ponto de vista da tecnologia e das infraestruturas, mas também dos recursos espectrais necessários para tornar possível todos estes novos paradigmas, num curto prazo.

João Batista, Diretor de Auditoria e Controlo de Gestão da Navegação Aérea (NAV), moderou a sessão sobre “Mobilidade aeroespacial”, a qual contou com a participação de representantes dos sectores da aviação, indústria aeroespacial e Força Aérea, todos eles com sólido know-how e forte experiência nos domínios tecnológicos em debate.

No período da tarde, Rui Camolino, Presidente da ITS Portugal (associação que visa a promoção dos sistemas e serviços de transportes inteligentes), moderou a sessão “Sistemas cooperativos de transportes”, com proeminentes convidados da indústria de transportes e infraestruturas, que partilharam os seus pontos de vista e deram a conhecer interessantes projetos em curso neste domínio.

Este ano tiveram lugar 2 sessões paralelas moderadas por António Topa, do Instituto Superior Técnico (IST) e do IT, Pedro Cruz, da Controlar e Earlier Carrier da URSI, e Tiago Morgado, da Universidade de Coimbra, em que foram apresentados os doze trabalhos pré-selecionados como candidatos ao Best Student Paper Award, inseridos nas áreas temáticas das comissões científicas do Comité Português da URSI.

Seguiu-se a sessão de entrega dos prémios instituídos pela ANACOM, ou seja, o Prémio ANACOM-URSI Portugal, que premeia o melhor trabalho de investigação na área da radioeletricidade, e o Best Student Paper Award, que visa incentivar os jovens autores.

João Monteiro Felício foi o grande vencedor do Prémio ANACOM-URSI Portugal, no valor de 4000 euros, pelo seu trabalho de investigação de grande impacto científico e social "Rastreio de Cancro da Mama por Microondas: Validação Experimental”.

João Felício terminou o Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no IST, em 2014. Para além de ser aluno de doutoramento no IST e investigador no IT é ainda, desde setembro de 2017, professor assistente convidado no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Em 2015, no 9.º Congresso do Comité Português da URSI, tinha sido distinguido pelo melhor poster apresentado por um estudante, com o trabalho “Imagiologia por microondas para deteção de alvos em Phantoms Humanos utilizando um algoritmo de radar no domínio da frequência”.

A vencedora do Best Student Paper Award foi Carolina Gouveia, aluna do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações, na Universidade de Aveiro, com o trabalho “Bio-radar performance evaluation for different antenna design”.

O 2.º lugar foi atribuído a Hafssaa Latioui, do IT, pelo trabalho “Electromagnetic transparency in a material with two distinct topological phases”, e o 3.º lugar a Vera da Silva Pedras, do IST, pelo trabalho “Desenvolvimento de modelos de QoE (No Reference) para voz e Web Browsing baseados em medidas rádio 3G/4G”.

Na sessão de encerramento, Luísa Mendes fez um balanço das atividades da URSI, tendo referido a 32.ª Assembleia Geral e o Simpósio Científico da URSI, que decorreram em Montreal em 2017, cujo balanço foi muito positivo para Portugal, ao garantirmos, pela primeira vez, a eleição de um Vice-Presidente de uma comissão científica (Comissão A – “Metrologia Eletromagnética: Medidas Eletromagnéticas e Normas”), o qual, após este mandato, ascenderá a Presidente dessa Comissão. Nessa Assembleia foram apresentados cerca de 10 trabalhos portugueses.

A próxima Assembleia Geral da URSI terá lugar em 2020, em Roma, e a 2.ª Assembleia Geral da URSI do Atlântico decorrerá de 28 de maio a 1 de junho de 2018, na Gran Canária. O call for papers já foi lançado e o prazo de submissão de trabalhos termina a 10 de janeiro de 2018.

Tendo como impulsionador Pedro Cruz, Earlier Carrier da Comissão A da URSI, este ano os participantes do Best Student Paper Award tiveram a oportunidade de submeter, para possível publicação na revista “Radio Science Bulletin”, uma versão estendida do artigo submetido ao Congresso.

Os artigos aceites para publicação serão incluídos na edição n.º 364 da referida revista, com publicação em março de 2018, a qual contém artigos científicos revistos por pares que abrangem os campos de interesse das dez comissões científicas da URSI, bem como itens de informações sobre as atividades da URSI e itens de interesse para cientistas e engenheiros de rádio.

Luísa Mendes agradeceu ainda os interessantes e diversificados painéis, que despertaram o maior interesse junto dos participantes, lamentando porém que o tempo disponível não permitisse abordar muitos mais assuntos relacionados com a mobilidade inteligente e os desafios que se avizinham.

Congratulou-se por, mais uma vez, terem sido atingidos os objetivos de promoção e divulgação da investigação feita a nível nacional, contribuindo simultaneamente para o fortalecimento de importantes laços de cooperação entre a academia, a investigação e empreendedores do sector das comunicações.