ICP supervisiona testes reais ao ''Problema do Ano 2000''


/ Atualizado em 21.01.2002

Os operadores Portugal Telecom, Optimus e Telecel vão proceder a testes com tráfego real nas suas redes para apurar se os sistemas que gerem estão preparados para o problema informático do ano 2000. O calendário para estes primeiros testes está já definido, bem como as redes onde as simulações se vão realizar, sempre com o objectivo de garantir a inexistência de quaisquer falhas nas comunicações em várias datas-chave. Os dias 31 de Dezembro de 1999 e 1 de Janeiro de 2000 são, provavelmente, as duas mais conhecidas.

Assim, a Portugal Telecom procederá a um teste, na rede de Aveiro, entre 23H30 do dia 23 e as 08H00 do dia 25, já neste mês. O tempo total de teste ultrapassará as 32 horas, estendendo-se à rede fixa da Portugal Telecom, à TMN, TV Cabo, Marconi e Telepac. Do ponto de vista tecnológico serão objecto de teste real as infra-estruturas fixa, móvel, de satélite, cabos submarinos, Internet e dados. O número de linhas de rede abrangidas ascenderá às 35 mil. Até ao final do ano, é previsível a realização de outros testes, em redes mais abrangentes.

A Optimus realizará o seu teste no dia 14 de Agosto na rede da Madeira e a Telecel na rede dos Açores. Neste último caso, a data para a realização da simulação em ambiente real está ainda por definir. Todos os testes serão acompanhados por técnicos do ICP.

Os testes, a realizar em ambiente real, prolongar-se-ão durante os próximos dois meses, sendo de esperar que ainda durante o mês de Agosto os resultados sejam analisados pelo ICP, em coordenação com os operadores. As conclusões serão oportunamente divulgadas.

A última fase deste processo terá lugar entre a última quinzena de Setembro e a primeira de Outubro, com a realização de testes de interligação entre operadores.

Para apurar os resultados de qualquer um destes testes, o ICP conta com a colaboração dos clientes de serviços de telecomunicações, tendo disponibilizado no seu "site" na Internet um endereço (ano2000@icp.pt) para a comunicação de eventuais falhas.

Estes testes seguem-se a um processo de consulta promovido pelo Instituto das Comunicações de Portugal e que pretendeu avaliar o grau de preparação dos operadores de telecomunicações e dos fornecedores de equipamentos para lidar com o «problema do ano 2000». Os resultados dessa consulta prévia podem ser consultados no "site" do ICP na Internet, através do endereço www.icp.pt/actual/ano2000.

A base de incidência das simulações é o tráfego efectivo. Tal significa que estes «testes em produção», como são designados tecnicamente, incidem directamente sobre as redes e sobre a utilização que os utentes delas fazem. Além disso, eles estender-se-ão a outros operadores, devendo a sua abrangência ser a maior possível, de acordo com uma recomendação do ICP.

Apesar das garantias dadas pelos processos de inventariação e levantamento, e também pelos testes, convém lembrar a existência de equipamentos, mantidos por consumidores residenciais ou empresariais, que escapam ao controlo da entidade reguladora, dos operadores e dos fornecedores. São os casos, por exemplo, de telefones, máquinas de fax ou atendedores automáticos detidos por esses mesmos clientes.

Além disso, importa sublinhar que as sobrecargas de rede habituais nos minutos que rodeiam a meia-noite das passagens de ano, sobretudo no Serviço Móvel Terrestre, não deverão ser confundidos com o problema informático do ano 2000, o conhecido "bug".

O "bug" do ano 2000, ou o Y2K, como é a sua designação técnica, é um problema derivado da "poupança" de espaço de memória em muitos computadores. Em resultado disso, durante muito tempo os programadores utilizaram dois dígitos para referenciar o ano. Por exemplo, «99» significaria 1999. Como é natural, não é garantido que «00» seja reconhecido como 2000, sendo possível a sua confusão com 1900. É esse o problema que está a ser resolvido.